Profissional em escritório moderno com expressão exausta, cabeça apoiada na mão, papéis e laptop na mesa

3 formas de burnout: sintomas, causas e como identificar cada uma no ambiente de trabalho

Descubra como identificar os sinais e causas das três formas de burnout para agir antes que afetem o ambiente de trabalho.

Burnout. Só essa palavra já me faz lembrar de gente cansada, olhos fundos, aquela mistura de vontade de sumir e de não conseguir largar tudo. Eu, que já acompanhei muitos profissionais e líderes tentando manter tudo em pé, muitas vezes vi rostos que carregavam mais que olheiras: carregavam o peso de não aguentar mais. E, por incrível que pareça, nem sempre o esgotamento se apresenta igual para todo mundo.

Neste artigo, vou compartilhar, com base no que já observei, o que são as três formas de burnout, os sintomas de cada uma, por que surgem e o que pode ser feito para enxergar os sinais antes que fiquem impossíveis de ignorar. Porque reconhecer é o primeiro passo – às vezes, o único possível no meio de tanta pressão.

O que é, afinal, o burnout?

Sempre vejo definições técnicas e médicas, mas conversando com colegas, familiares ou até em relatos que surgem em grupos de trabalho, a explicação é muito mais sentida do que dita. Burnout é um estado de exaustão física e mental provocado pelo trabalho, aliado a uma sensação de esvaziamento emocional e, geralmente, de desinteresse completo pelo que se faz.

Burnout não é frescura. É uma resposta do organismo ao excesso.

Diversas profissões chamam mais atenção para esse problema, mas ninguém está imune. Basta permanecer tempo suficiente sob pressão, sem reconhecimento, sem apoio e sem perceber um sentido no que se faz. Parece que a energia vai embora e não volta mais.

Os primeiros sinais: é fácil ignorar?

Eu mesma já ouvi de gestores coisas do tipo “é só uma fase”, “passa depois do fechamento”, “férias resolvem”. Mas, para ser sincera, quando o burnout começa a dar seus primeiros sinais, quase sempre tentamos racionalizar e seguir. Só que ele nunca some sozinho.

  • Irritabilidade constante, até com pequenas coisas
  • Dificuldade de concentração, esquecimentos
  • Sensação diária de cansaço, mesmo dormindo bem
  • Desinteresse crescente pelo trabalho
  • Distanciamento de colegas e do contato social
  • Sentimentos de fracasso ou inutilidade

Esses são só alguns exemplos. Daqui a pouco eu volto nisso, mas antes quero explicar sobre as três formas de burnout que, na minha experiência, aparecem de maneiras bem diferentes.

As três formas de burnout no trabalho

Eu já observei que o burnout não é só falta de energia. Dependendo do tipo, ele pode até ser mascarado por hiperatividade ou por uma racionalização dolorida. Acompanhe comigo:

1. Burnout frenético (ou tipo hiperativo)

Sabe aquela pessoa que nunca para? Sempre ocupada, topa tudo, leva trabalho pra casa, responde mensagem à noite e no fim de semana. Algumas vezes, eu mesma já fui essa pessoa, acreditando que estar sempre ativa me faria chegar mais longe. E, de verdade, há quem admire esse tipo de comportamento. Só que ele tem um preço.

Mulher exausta sentada no escritório com pilhas de papéis O burnout frenético acontece com quem tenta compensar dificuldades e frustração dedicando-se além do limite, até cair exausto.

Sintomas mais comuns:

  • Aumento do ritmo de trabalho, sem descansar nunca
  • Negligência da vida pessoal, família ou autocuidado
  • Negação dos sinais de esgotamento (“só preciso me organizar melhor”)
  • Ansiedade intensa e sensação de estar sempre atrasado

A causa, pelo que percebo muitas vezes, é o desejo de provar valor ou conquistar destaque – como se trabalhar duro resolvesse tudo. Eu já vi equipes inteiras adoecendo por conta da cultura do “mais é sempre melhor”.

O problema é que ninguém aguenta um ritmo frenético para sempre.

Como identificar no ambiente de trabalho?

Geralmente, a pessoa está sempre envolvida em tudo, parece produtiva, mas entra em loopings intermináveis de tarefas. Ela pode até não se dar conta de que está ficando doente, e se alguém sugere dar uma pausa, vem a resposta: “Não posso, estou atrasado”.

Muitas vezes, líderes valorizam esse comportamento, sem perceber que estão alimentando o ciclo. Isso pode levar a um efeito dominó na equipe, com as pessoas achando que só “funciona” quem se sacrifica assim.

2. Burnout submisso (ou tipo desgastado)

Essa forma aparece, na minha opinião, de maneira muito sutil. São pessoas que começam muito engajadas, mas vão perdendo a motivação diante de frustrações sucessivas, metas inalcançáveis ou falta de reconhecimento. É como se o trabalho virasse um peso – pesado demais, a ponto de a energia simplesmente desaparecer.

Homem apático olhando para o computador em escritório vazio Burnout submisso é a entrega silenciosa ao cansaço; não há mais luta, só resignação e um enorme desânimo.

  • Desistência diante de desafios, apatia
  • Dificuldades frequentes em terminar projetos ou tarefas comuns
  • Sensação de inutilidade, perda da autoconfiança
  • Isolamento, resposta automática a interações (“sim”, “não sei”)

Em vários momentos, percebo que isso surge quando se perde a perspectiva de mudança: “Não adianta, nada vai melhorar”. Pode ocorrer por líder ausente, clima tóxico (se quiser entender sobre ambientes assim, há um artigo incrível sobre pessoas tóxicas no trabalho) ou até promessas não cumpridas.

Como identificar no dia a dia?

Não espere escândalo ou drama: quem passa por esse burnout costuma se calar, demorar mais tempo para tarefas simples, evitar conversas e muitas vezes deixa de ligar para atrasos ou erros. Tive colegas que diziam “tanto faz, não faz diferença mesmo”. É nesse silêncio que mora o perigo, porque pode passar despercebido por muito tempo.

3. Burnout desgastante (ou tipo submerso por excesso de pressão)

É o burnout daqueles que enfrentam crises e cobranças duradouras. Já vi esse quadro surgir em períodos de grandes transformações, reestruturações ou quando a demanda simplesmente passou dos limites do razoável. Nesse caso, há uma sensação forte de sufocamento, dificuldade para respirar ou pensar com clareza.

Homem pressionado sentado em frente a painel de tarefas O burnout desgastante aparece quando a pessoa sente que a pressão é tanta que não importa o esforço: tudo vai dar errado.

Sintomas clássicos deste tipo:

  • Letargia, sensação constante de estar sobrecarregado
  • Palpitações, insônia e problemas físicos frequentes (dor de cabeça, problemas digestivos)
  • Desconfiança de todos, sensação de perseguição e insegurança
  • Tendência ao conflito, reatividade acima do normal

É comum que esse quadro surja em ambientes onde sempre há crise, cortes, ameaças de demissão, ou quando a gestão de crises não funciona direito (há boas dicas para liderar em tempestades aqui).

Existe um limite invisível que, quando ultrapassado, deixa o corpo e a mente em modo de sobrevivência.

Como diferenciar no cotidiano?

Esse burnout tem uma característica: todos sentem que caminham sobre cascas de ovos. O clima fica pesado, o humor oscila muito, surgem discussões constantes e, muitas vezes, ideias boas nem chegam a ser apresentadas. Em contextos assim, a sensação de sufoco é coletiva.

Quais as principais causas desses três tipos de burnout?

Olhar para as causas do burnout é diferente de só pensar em excesso de trabalho. Eu, por muitas vezes, percebi fatores que passavam despercebidos num primeiro olhar:

  • Cobrança desproporcional: metas fora da realidade, gestores exigindo além da equipe.
  • Liderança ausente ou tóxica: seja por abandono, seja por autoritarismo.
  • Ambiente sem reconhecimento: esforço não valorizado, processos injustos.
  • Falta de autonomia: sensação de que nada é suficiente, decisões sempre impostas.
  • Conflitos não resolvidos: discussões e problemas que se arrastam, prejudicando as relações.
  • Insegurança constante: medo de perder o emprego, incerteza sobre o futuro da empresa.

Claro que vários desses fatores podem ocorrer juntos, variando de acordo com o perfil de cada pessoa e da liderança. Eu já vi equipes onde o excesso de horas extras era apenas o sintoma final de anos de frustração acumulada.

Fatores pessoais: por que afeta de maneiras tão diferentes?

É impossível não notar que algumas pessoas parecem suportar pressões enormes e outras não. Eu demorei para aceitar isso, até conversar com psicólogos que me explicaram: perfil de personalidade, histórico familiar, valores e até o momento de vida contam muito. O mesmo ambiente pode gerar tipos diferentes de burnout em pessoas diferentes. O segredo, talvez, seja estarmos atentos não só às regras, mas às pessoas.

Sintomas físicos, emocionais e comportamentais: o que muda em cada tipo?

Na minha experiência, se tem algo que diferencia os três tipos, são alguns detalhes importantes nos sintomas. Veja abaixo:

  • Frenético: agitação, fala acelerada, insônia, hipertensão, muitas vezes uso excessivo de café ou estimulantes. A pessoa se recusa a parar ou desacelerar.
  • Submisso: apatia, desinteresse por cuidar de si, pouca energia, tendência a faltar ao trabalho por doenças, reclamações menos frequentes, mas profundas.
  • Desgastante: somatização intensa (dores, problemas gástricos, tontura), sensação de sufocamento, mudanças bruscas de humor, explosões emocionais.

É comum que sintomas físicos apareçam antes dos emocionais serem reconhecidos. Eu mesma notei em amigos e colegas que as dores de cabeça, resfriados frequentes e exaustão vinham antes da pessoa admitir que estava mal psicologicamente.

Grupo em escritório com expressões de cansaço e estresse Como identificar cada forma de burnout no ambiente corporativo?

Ninguém chega ao trabalho com um crachá dizendo “estou a ponto de surtar”. Por isso, identificar exige mais sensibilidade do que técnica. Vou contar alguns sinais reais que já presenciei e que ajudam na diferenciação:

  • Frenético:Pessoa envolvida em vários projetos, mas os resultados caem ou tornam-se inconsistentes.
  • Pede prazos, cobra dos outros, mas rejeita ajuda.
  • Mantém muitos compromissos pessoais, até o ponto de se atrasar ou esquecer eventos da vida privada.
  • Submisso:Diminuição clara da iniciativa.
  • Nunca são vistos em conversas informais ou comemorações do time.
  • Resposta sempre automática; ausência de reação a feedbacks, positivos ou negativos.
  • Desgastante:Participação em reuniões cai, evita conflitos ou, ao contrário, reage explosivamente.
  • Insônia constante (comentários do tipo “não durmo, não paro de pensar”).
  • Procura médicos, apresenta laudos e atestados diversos; sinais físicos se tornam constantes.

Aqui, as pequenas pistas fazem diferença. A sensibilidade do gestor é fundamental – embora colegas atentos também possam ajudar. Em algum momento, todo mundo precisa de um alerta. Às vezes, uma simples pergunta já pode iluminar o problema: “Você está levando trabalho pra casa todo dia?”, “Tem conseguido descansar nos dias livres?”, “Como você está se sentindo em relação ao time?”

O que fazer ao identificar sinais de burnout?

Reconhecer é só o primeiro passo. O que me parece mais difícil é romper com a inércia pessoal e do ambiente. Às vezes, não se trata apenas de uma mudança de rotina, mas de rever relações, propósitos e, em casos extremos, buscar apoio profissional.

  • Tentar discutir o tema de forma aberta: falar sobre esgotamento é o começo para quebrar o silêncio coletivo.
  • Rever a carga de trabalho: ajustes simples, como distribuir melhor as tarefas ou flexibilizar prazos, podem funcionar numa primeira fase.
  • Estimular pausas genuínas: usar as férias e intervalos para descanso de verdade, sem “dar uma olhadinha” nos e-mails.
  • Recorrer a ferramentas de organização pessoal e gestão do tempo, como as 10 dicas práticas para organizar melhor as demandas.
  • Incentivar conversas com RH ou setores de apoio psicológico: às vezes, o medo do julgamento impede muita gente de pedir ajuda.

Essas atitudes não são milagrosas, mas, sem dúvida, marcam o início de uma retomada. Não sei se existe um caminho ideal, mas pequenos ajustes sempre trazem algum alívio.

Se o corpo e a mente gritam, é hora de pausar.

O papel dos líderes e colegas

Algo que já vi fazer toda a diferença é quando líderes dão o exemplo: não respondem a mensagens fora do horário, não fazem piadas sobre “quem aguenta mais”, elogiam boas atitudes em vez do “sacrifício extremo”. Gestores atentos transformam o clima com atitudes pequenas.

Colegas também ajudam, sem dúvida. Um olhar atento, um convite para almoçar, ou até dividir tarefas durante períodos críticos faz toda a diferença. Quando percebi isso acontecendo ao meu redor, a sensação geral foi de apoio e confiança, não de cobrança.

Diferença entre burnout, estresse e desmotivação

Talvez pareça tudo igual, mas não é. Eu, inclusive, já confundi sinais de exaustão temporária com burnout (quem nunca?). Burnout é um processo de esgotamento sem perspectiva de melhora com um simples descanso; o corpo e a mente não se recuperam facilmente.

  • O estresse é agudo, geralmente tem causa clara e pode ser resolvido com descanso.
  • Desmotivação pode melhorar com incentivo ou mudanças pequenas no trabalho.
  • Burnout exige melhorias estruturais, revisão de prazos ou até mudanças profundas, internas e externas.

Sentiu diferença? Para mim, é mais fácil ver quando me pergunto: “Esse cansaço passa com um final de semana prolongado? Ou já virou um peso que não some há meses?”

Como evitar recaídas e cuidar da saúde mental no longo prazo?

Eu já presenciei pessoas se recuperando de um burnout, apenas para, meses depois, voltarem ao mesmo ciclo devido à cultura da empresa ou à pressão pessoal. Se não houver mudanças, a tendência é que o esgotamento retorne. Alguns hábitos podem ajudar no longo prazo:

  • Respeitar limites físicos e emocionais, dizendo “não” quando necessário.
  • Investir em avançar habilidades organizacionais e, inclusive, aprender como manter bons talentos sem sobrecarregar equipes.
  • Construir uma rede de apoio, tanto no local de trabalho como fora dele.
  • Buscar atividades fora do expediente que tragam prazer real, não só alívio momentâneo.
  • Tentar manter ativamente a motivação na equipe. Passar por tempos difíceis não é fácil para ninguém, mas dá para compartilhar desafios e somar forças.

Saúde mental não é luxo nem modismo; é aquilo que sustenta a vida – e o trabalho faz parte dela.

Quando procurar ajuda?

Eu tenho convicção de que psicólogos e psiquiatras podem fazer a diferença quando o ciclo do burnout já se instalou. Muitas vezes, o tratamento é multidisciplinar: acompanhamento médico, terapia, apoio da família ou ajustes no ambiente de trabalho.

Os sinais de alerta para buscar ajuda profissional incluem:

  • Perda significativa de peso, insônia crônica ou crises de ansiedade
  • Pensamentos recorrentes de desistência ou de que “nunca mais vai melhorar”
  • Episódios de agressividade inesperada ou isolamento total

Se algum desses sintomas persistir, não hesite: buscar apoio é sinal de coragem, não de fraqueza.

Colega abraçando outro em ambiente de trabalho Reflexão final: reconhecer é o melhor antídoto

Falar de burnout não é só sobre sofrimento, mas sobre buscar sentido. Para mim, o mais valioso é aprender a olhar para dentro, reconhecer as próprias limitações e cuidar bem do corpo e da mente. O trabalho pode ocupar grande parte da nossa vida, mas não pode consumir nossa saúde e esperança.

Paixão pelo que fazemos só faz sentido se houver equilíbrio e humanidade.

Espero ter ajudado a identificar sintomas, causas e diferenças entre os tipos de burnout. Se você se reconheceu em alguma dessas formas, não espere pelo colapso.

Permita-se desacelerar, conversar, pedir ajuda. E, aos poucos, transformar o ambiente ao seu redor em algo mais saudável e possível. Isso, para mim, já muda tudo.

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