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Entrevista de Desligamento: O Que Perguntar? 12 Sugestões Práticas

Descubra 12 perguntas estratégicas para captar feedback real em entrevistas de desligamento e melhorar sua gestão de talentos.

Você já saiu de uma reunião pensando: era isso que eu precisava ouvir meses atrás? Eu já. Foi numa tarde comum, com café já frio, quando um analista decidiu sair. Tínhamos tido bons resultados, mas algo ali não batia. A entrevista de desligamento mostrou um mosaico de pequenas dores, quase discretas, que somadas viravam um peso. Foi um choque. E também um convite para ajustar o rumo.

Nem toda saída precisa virar um drama. Às vezes, é só o ciclo da vida de trabalho. Ainda assim, essa conversa final pode trazer pistas valiosas. Pequenos sinais. Um detalhe no processo. Um hábito de liderança que não foi percebido no dia a dia. Quando bem conduzida, essa conversa não serve apenas para “fechar a conta”. Ela abre uma janela.

Pergunte, depois ouça.

Este guia é direto, de uso prático. Você vai encontrar 12 perguntas que funcionam, com explicações e cuidados. Tem também recomendações sobre preparo, clima e como transformar o que você ouviu em mudanças reais. Sem perfeição. Sem promessas exageradas. Só uma boa prática, feita com respeito e método.

O que é a entrevista de desligamento, de verdade

É uma conversa final com quem está saindo, com foco em aprendizado e melhoria. Não é interrogatório. Não é para contestar a decisão. É um momento para entender percepções, coletar fatos e mapear padrões. E sim, às vezes surgem elogios sinceros. Em outras, vêm críticas duras. As duas coisas ajudam.

Por que fazer? Alguns ganhos comuns:

  • Entender motivos de saída sem adivinhar ou cair em histórias incompletas.
  • Melhorar práticas de liderança com base em relatos do dia a dia.
  • Remover atritos de processos que atrapalham o trabalho.
  • Fortalecer a proposta de valor da empresa para quem fica e para quem pode vir.
  • Reforçar respeito pela pessoa, já que ela ainda é voz ativa no mercado.

Saída também ensina.

Gestor e colaborador em entrevista de desligamento. Antes da conversa: preparo que faz diferença

O clima do encontro impacta o que será dito. Pequenas escolhas abrem ou fecham portas. Eis um roteiro simples de preparo.

  • Escolha bem o momento. Idealmente, nos últimos dias do aviso prévio, sem correria. Evite véspera de entrega sensível.
  • Defina quem conduz. Alguém de RH funciona bem. Em times pequenos, pode ser a liderança, mas só se a relação for de confiança.
  • Seja claro sobre confidencialidade. Explique que a análise será por tendências, não por nomes. Isso acalma e encoraja.
  • Formato e duração. Presencial ou vídeo, entre 30 e 60 minutos. Use agenda com perguntas-base para não se perder.
  • Ambiente neutro e acolhedor. Sem interrupções, sem pessoas passando, sem celular tocando a cada minuto.
  • Convite com antecedência. Informe propósito, tempo estimado e, se for o caso, peça consentimento para anotar.

O tom precisa ser respeitoso e claro. Para apoiar sua forma de perguntar e responder, vale revisar práticas de comunicação assertiva na prática. Ajuda muito quando o assunto fica delicado.

Durante: postura, tom e cuidados

Cada pessoa reage de um jeito. Algumas falam muito. Outras, quase nada. O papel de quem conduz é dar espaço, acolher, e buscar fatos. Sem debater. Sem promessas difíceis. Alguns lembretes úteis:

  • Comece com acolhimento. Agradeça a contribuição, explique o porquê da conversa e como os dados serão usados.
  • Use perguntas abertas. Evite sim ou não. Peça exemplos concretos, com datas e situações, sempre que possível.
  • Pratique o silêncio. Pausas dão coragem para a pessoa completar ideias.
  • Não entre na defensiva. Se ouvir algo duro, respire. Pergunte “o que te fez sentir assim?”.
  • Anote de forma neutra. Fatos, frases-chave e impactos. Sem rótulos.
  • Use devolutivas curtas. “Entendi”, “faz sentido”, “obrigado por trazer”. A pessoa percebe que foi ouvida.

Curiosidade antes de julgamento.

As 12 perguntas que funcionam

Nem toda pergunta serve para toda saída. Escolha as mais úteis, ajuste a ordem e adapte a linguagem. Se a conversa estiver fluindo, ótimo. Se não, tudo bem. O ritmo é da pessoa.

  1. Checklist de perguntas com café e notas. O que motivou sua decisão de sair?Comece pelo motivo central. Peça para a pessoa contar a história, não só o título. Às vezes a proposta externa só fecha uma decisão que já vinha sendo formada.
  • Follow-up: “Qual foi o momento em que isso ficou claro para você?”
  1. Quando você começou a pensar na saída?Essa linha do tempo mostra sinais que passaram batido. Pode revelar períodos de sobrecarga, mudanças na equipe, ou falhas de alinhamento.
  • Follow-up: “O que aconteceu nesse período?”
  1. Como você descreveria seu dia a dia aqui?Peça exemplos de rotina, reuniões, ferramentas usadas e principais entregas. Isso ajuda a enxergar gargalos de fluxo e ruídos de prioridades.
  • Follow-up: “O que tomava mais tempo do que deveria?”
  1. Quais momentos fizeram você se sentir mais valorizado?Não procure só problemas. Entenda práticas que deram certo, como feedbacks pontuais, rituais de equipe ou autonomia bem desenhada.
  • Follow-up: “O que poderíamos repetir mais?”
  1. E quando você se sentiu menos valorizado?A pergunta é sensível, então mantenha um tom acolhedor. Muitas vezes surgem episódios específicos que podem ser prevenidos.
  • Follow-up: “O que teria feito diferença naquela ocasião?”
  1. Como foi sua relação com a liderança direta?Busque fatos, rituais e acordos. A pessoa pode citar frequência de conversas, clareza de metas e apoio no dia a dia.
  • Follow-up: “Havia espaço seguro para discordar?”
  1. Como você percebe a comunicação entre áreas?Esse ponto costuma trazer ruídos. Falas como “mudança de prioridade sem aviso” aparecem muito. Anote exemplos.
  • Follow-up: “Qual canal funcionou melhor e qual atrapalhou?”
  1. Ferramentas e processos ajudaram ou atrapalharam?Peça casos reais: prazos, aprovações, bugs, filas. Às vezes uma simples revisão de fluxo elimina retrabalho.
  • Follow-up: “Que mudança simples faria o trabalho fluir melhor?”
  1. Como foi seu desenvolvimento e oportunidades de carreira?Mapeie percepções sobre plano de crescimento, projetos desafiadores e acesso a treinamentos. Em muitas saídas, esse é o ponto central.
  • Follow-up: “O que faltou para o próximo passo?”
  1. Remuneração e benefícios estavam alinhados ao mercado?Se a pessoa se sentir à vontade, compare o pacote atual com a nova proposta. Trate com respeito e sem pressão.
  • Follow-up: “Que elemento mais pesou na proposta que você aceitou?”
  1. O que você mudaria na cultura da empresa?Peça três mudanças práticas. Às vezes surgem coisas simples: rituais de reconhecimento, horários, foco, decisões mais claras.
  • Follow-up: “Que comportamento vale reforçar, e qual precisamos reduzir?”
  1. Que conselho você deixaria para quem vai assumir sua cadeira?Essa pergunta revela pontos de atenção e atalhos úteis. Vai ajudar o time e o novo profissional.
  • Follow-up: “Que avisos você daria no primeiro dia?”

Como registrar e transformar em ação

De nada adianta uma conversa honesta se as anotações viram arquivo esquecido. O segredo é formar um repositório vivo, enxuto e confiável. Um plano simples pode ser assim:

  • Anonimize registros antes de compilar. Guarde dados pessoais em local restrito e separado.
  • Classifique por temas como liderança, comunicação, processos, carreira, pacote de remuneração e cultura.
  • Conte frequência. Uma dor isolada pede outro tratamento em relação a algo que se repete mês após mês.
  • Crie hipóteses de causa e valide com gestores. Nem todo relato vira ação direta, mas muitos mostram um padrão.
  • Defina donos e prazos. Melhor mexer em 3 pontos com consistência do que listar 20 e não fechar nenhum.
  • Feche o ciclo contando ao comitê de pessoas o que foi feito e o que ainda precisa de debate.

Quando aparecerem temas ligados a integração de novos colegas, conecte os aprendizados com boas práticas de chegada. Este guia de onboarding de novos colaboradores em 7 etapas ajuda a acelerar a adaptação e evitar devolutivas repetidas nas próximas saídas.

Quadro branco com categorias de feedback. Cuidados com emoções e riscos

Desligamento mexe com autoestima e com planos de vida. A pessoa pode estar magoada. Pode estar aliviada. Ou os dois, no mesmo dia. Se algo soar muito sensível, deixe a pessoa escolher se quer continuar. Não force. E, por favor, não tente “ganhar” a conversa.

  • Se houver denúncia séria, explique os canais formais e como o caso será tratado. Respeite prazos e confidencialidade.
  • Se houver críticas duras, acolha e registre. Depois, trate com o time gestor com calma e método.
  • Se houver pedido de retorno, combine documentos, prazos e quem é o ponto de contato. Transparência evita ruídos.

Nem todo feedback vem embrulhado de forma agradável. Mesmo assim, pode virar aprendizado. Para treinar essa virada, este passo a passo sobre transformar feedback negativo em crescimento é uma boa base.

Respeito não tem hora certa. Tem sempre.

Fechamento com respeito

Como encerrar a entrevista? Simples e humano. Algo como: “Obrigado por tudo o que você construiu aqui. Sua visão ajuda a melhorar a casa. Vamos usar essas informações de forma responsável. Se topar, posso te atualizar quando algumas ações forem concluídas”.

Se a pessoa topou ser contatada no futuro, ótimo. Se não, tudo bem. O ciclo fecha com dignidade.

O que muda depois de algumas rodadas

Depois de 5, 10, 20 entrevistas, alguns padrões ficam claros. Às vezes é a falta de clareza de prioridade. Às vezes é a escassez de conversas sobre carreira. Em outros momentos, é uma sobrecarga em picos previsíveis. Com base nisso, a empresa pode ajustar rituais, metas, ferramentas e trilhas de desenvolvimento. E também reforçar o que já vai bem.

Quando o tema for retenção e bem-estar no time atual, compense com iniciativas simples que funcionam no dia a dia. Este material com dicas para engajar e reter talentos traz ideias diretas e aplicáveis. Para uma visão mais ampla, vale navegar pelos conteúdos de liderança e gestão de pessoas e montar seu próprio plano de ação.

Equipe em reunião planejando mudanças. Perguntas e respostas rápidas

Posso enviar as perguntas por formulário?

Pode, mas não como única fonte. Formulários ajudam a padronizar dados. A conversa, no entanto, revela nuances que um campo de texto não alcança. O ideal é combinar os dois.

O que fazer quando a pessoa não quer falar?

Respeite. Ofereça outro canal, até anônimo, caso ela prefira. Alguns preferem enviar um e-mail depois, quando a poeira baixa.

Como lidar com elogios à nova empresa?

Sem ironia e sem comparação amarga. Use como referência do que faz sentido ajustar por aqui. E anote o que não cabe na sua realidade, para não criar metas distantes.

Posso perguntar sobre colegas?

Sim, desde que o foco seja comportamento no trabalho e fatos, não julgamentos pessoais. Se surgir algo sensível, trate no canal certo, com cuidado.

Um roteiro enxuto para levar com você

  • Convite com propósito e tempo estimado.
  • Abertura com acolhimento e explicação de confidencialidade.
  • De 6 a 10 perguntas das 12 sugeridas, conforme o caso.
  • Registro neutro e classificação por temas.
  • Compromisso de retorno sobre ações, quando fizer sentido.
  • Encerramento com agradecimento sincero.

Menos pressa. Mais presença.

Fechando a conversa e abrindo caminhos

Entrevista de desligamento não é remédio milagroso. É prática. Às vezes rende mudanças rápidas. Em outras, aponta caminhos que vão levar tempo. O valor está em manter a escuta ativa, ano após ano. Gente muda, contexto muda, prioridades mudam. Sua forma de ouvir precisa acompanhar.

Se for para guardar uma só ideia deste texto, que seja esta: cada saída traz um dado sobre como estamos trabalhando. Um pedaço do quebra-cabeça. Quando ligamos esses pedaços com calma, a casa fica mais leve para quem chega e para quem fica. E, talvez, quem sai hoje possa querer voltar um dia. Acontece mais do que parece.

Saídas falam. A gente aprende.

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